terça-feira, 20 de março de 2012

Memória x Aprendizagem

Como se forma a memória? A informação captada transita pelos neurônios, células nervosas semelhantes a árvores sem folhas: os galhos seriam os dentritos; o tronco, o axônio; e as raízes, os terminais pré-sinápticos. Eles criam emaranhados de caminhos que se orientam em diversas direções. Quando os galhos de uma célula se encontram com as raízes de outra, forma-se uma sinapse, local de comunicação entre os neurônios e unidade elementar de armazenamento da memória. Lá acontece a síntese de proteínas, as trocas elétricas e a ativação de genes que provocam o armazenamento da informação. Quanto mais conexões, mais memória. Cada neurônio pode se comunicar com até outros mil. Como o ser humano tem de 10 bilhões a 100 bilhões dessas células, é possível haver até 100 trilhões de conexões sinápticas.  


Já na escola, memorizar foi sinônimo de decorar nomes, datas e fórmulas que seriam exigidos nas provas, nas chamadas e nos testes. Com base nos estudos sobre o processo de aprendizagem da criança, porém, concluiu-se que a decoreba era inimiga da educação. E a memória, confundida com repetição, foi posta de castigo.

Um grande erro. A memória é a base de todo o saber - e, por que não dizer, de toda a existência humana, desde o nascimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. 

Nos últimos 20 anos, a neurociência avançou muito nas descobertas sobre o funcionamento do cérebro. Hoje se sabe o que acontece quando ele está captando, analisando e transformando estímulos em conhecimento e o que ocorre nas células nervosas quando elas são requisitadas a se lembrar do que já foi aprendido. "Com isso o professor pode aprimorar suas estratégias de ensino", diz o neuropsiquiatra Everton Sougey, coordenador do curso de pós-graduação em Neuropsicologia da Universidade Federal de Pernambuco. Estão provadas, por exemplo, as vantagens de estabelecer ligações com o conhecimento prévio do aluno ao introduzir um novo assunto e de trabalhar também a emoção em sala de aula. O cérebro responde positivamente a essas situações, ajudando a fixar não somente fatos, mas também conceitos e procedimentos.

Quando assiste a uma aula, o estudante recebe informações de todo tipo, tanto visuais como auditivas. Elas se transformam em estímulos para o cérebro e circulam pelo córtex cerebral antes de serem arquivadas ou descartadas. Sempre que encontram um arquivo já formado (o tal conhecimento prévio), arrumam um "gancho" para o seu armazenamento, fazendo com que, no futuro, ela seja resgatada mais facilmente. "É como se o recém-chegado fosse morar em uma nova casa, mas em rua conhecida", ilustra Elvira Lima. Quando essa informação é resgatada da memória, trilha os mais variados caminhos. Se eles já tiverem sido percorridos anteriormente, a recuperação de conhecimentos será simples e rápida. O que não tem nada a ver com decoreba.

O professor deve oferecer formas de conexões para que o estudante aprenda um conteúdo fazendo referência aos arquivos já formados para abrigar a nova informação;  usando abordagens diferentes e estimulando outros sentidos. É importante investigar os conhecimentos prévios da turma e recordar conteúdos de aulas anteriores, para formar os "ganchos" e dispor de diferentes estratégias de ensino. 


Trechos tirados do site: http://educarparacrescer.abril.com.br 

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