quinta-feira, 9 de junho de 2011

Transtorno da matemática

        A matemática como uma expressão da mente humana, ativa os reflexos, contempla a razão e o desejo pela perfeição estética. É também chamada por muitos de linguagem universal (é uma linguagem porque é formada por signos lingüísticos, que passam idéias e significados). Ela pode ser dividida em matemática pura e aplicada. Seus elementos básicos são a lógica e a intuição, análise e construção, generalização e individualização; mas para muitas crianças, a matemática ainda é um bicho de sete cabeças. Muitos não compreendem os problemas que a professora passa no quadro e ficam muito tempo tentando entender se é para somar, diminuir ou multiplicar; não sabem nem o que o problema está pedindo. Alguns, em particular, não entendem os sinais, muito menos as expressões. Contas? Só nos dedos e olhe lá.
        Na pessoa com dificuldade, o desempenho não é compatível com a capacidade cognitiva; a dificuldade ultrapassa a enfrentada por seus colegas de turma sendo, geralmente, resistente ao seu esforço pessoal e ao de seus professores em superá-la, gerando uma autoestima negativa podendo também surgir comportamentos que causam problemas de aprendizagem, complicando as dificuldades na escola. A Matemática vem ocupando um posto de disciplina mais difícil e odiada, o que torna difícil sua assimilação pelos estudantes. Então, antes de diagnosticarmos um Transtorno da Matemática, é necessário verificar se o problema não está no currículo ou na metodologia utilizada. Eis aqui a importância de um profissional experiente.
        Existem alguns fatores que devem ser investigados pelo profissional antes de diagnosticar um Transtorno da Matemática. Algumas causas relacionadas simplismente a dificuldade na matemática e não ao Transtorno em si devem ser eliminadas ou até melhor investigadas e encaminhadas aos profissionais especializados. São elas:

- Ansiedade;

- Medo de fracassar;

- Falta de motivação por algum motivo que deverá ser investigado;

- Déficit na metodologia de ensino;

- Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade – TDAH;

- Déficits cognitivos (memória, atenção, organização, planejamento, percepção...);

- Problemas visuais, auditivos;

- Doenças neurológicas e/ou psiquiátricas;

- Acalculia (total falta de habilidade para desenvolver qualquer tarefa matemática, que geralmente indica um dano cerebral);

- Distúrbios de leitura e escrita, entre outros.

        Já o Transtorno da Matemática, também conhecido como Discalculia, não está relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas ou somente aos fatores já citados, mas está associado a forma com a qual a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca. O discalcúlico não consegue compreender os processos matemáticos. A criança com discalculia pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de uma forma concreta, uma vez que o pensamento lógico está intacto, porém tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas e enunciados.
        O Transtorno não é uma doença e não é, necessariamente, uma condição crônica. Segundo estudos da área, a discalculia infantil ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde passam os impulsos nervosos. Normalmente os neurônios - células do sistema nervoso - transmitem informações quimicamente através de uma rede. A falha de quem sofre de discalculia está na conexão dos neurônios localizados na parte superior do cérebro, área responsável pelo reconhecimento dos símbolos.

Segundo o DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), a característica essencial do Transtorno da Matemática consiste em uma capacidade para a realização de operações aritméticas (medida por testes padronizados, individualmente administrados, de cálculo e raciocínio matemático) acentuadamente abaixo da esperada para a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo (Critério A).
Além disso, a perturbação na matemática interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida diária que exigem habilidades matemáticas (Critério B). Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades na capacidade matemática excedem aquelas geralmente a este associada (Critério C).
Caso esteja presente uma condição neurológica, outra condição médica geral ou déficit sensorial, isto deve ser codificado no Eixo III. Diferentes habilidades podem estar prejudicadas no Transtorno da Matemática, incluindo habilidades "lingüísticas" (por ex., compreender ou nomear termos, operações ou conceitos matemáticos e transpor problemas escritos em símbolos matemáticos), habilidades "perceptuais" (por ex,. reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjuntos), habilidades de "atenção" (por ex., copiar corretamente números ou cifras, lembrar de somar os números "levados" e observar sinais de operações) e habilidades "matemáticas" (por ex., seguir seqüências de etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).
                 As características comuns às crianças com Discalculia são:

- Lentidão na velocidade de trabalho;

- Problemas com a orientação espacial;

- Dificuldades para lidar com operações ( soma, subtração, multiplicação, divisão);

- Dificuldade de memória de curto prazo;

- Não automatiza informações (armazenar e buscar o que foi ensinado);

- Dificuldade de memória de longo prazo (esquece o que é o trabalho de casa);

- Dificuldade em lidar com grande quantidade de informação de uma vez só;

- Confusão de símbolos ( = + - : .);

- Dificuldade para entender palavras usadas na descrição de operações matemáticas como “diferença”, “soma”, “total”,” conjunto”, “casa”, “raiz quadrada”;

- Tendência a transcrever números e sinais de forma errada;

- Apresentam dificuldade com sequenciais numéricas;

- Dificuldade com medidas;

- Dificuldade no passo a passo de contas e situações problema;

- Dificuldade para contar através dos números cardinais e ordinais, entre outras.


De qualquer forma, se a criança apresentar as características citadas, realize uma avaliação de um profissional da área e/ou marque uma consulta conosco.

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