quarta-feira, 23 de julho de 2014

TEA - Transtorno do Espectro Autista



Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um termo que engloba um grupo de afecções do neurodesenvolvimento, cujas características envolvem alterações qualitativas e quantitativas da comunicação (linguagem verbal e/ou não verbal), da interação social e do comportamento (estereotipias, repetiçoes, restrinção de interesses). No espectro, o grau de gravidade varia de pessoas que apresentam um quadro leve, e com total independência e discretas dificuldades de adaptação, até aquelas pessoas que serão dependentes para as atividades de vida diárias (AVDs), ao longo de toda a vida.
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10): 

Consideram-se como TEA os seguintes diagnósticos:
 F84 - Transtornos Globais do Desenvolvimento;
 F84 - Autismo Infantil;
 F84.1 - Autismo Atípico;
 F84.5 - Síndrome de Asperger;

 F84.8 - Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento;
 F84.9 - Transtornos Globais não Especificados do Desenvolvimento.
 
 

O diagnóstico se faz pelo quadro clínico, conforme critérios estabelecidos pela CID 10, sendo que os instrumentos de triagem, de diagnóstico e escalas de gravidade podem auxiliar na avaliação e em sua padronização.
 
 
Segundo a CID 10 (OMS, 1993), o TEA apresenta as seguintes caracteristicas:
A. Atrasos ou funcionamento anormal em, pelo menos, uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: (1) interação social; (2) linguagem para fins de comunicação social; ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos.
B. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3):
 
- 1) Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por, pelo menos, dois dos seguintes aspectos:
(a) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social;
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento;
(c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (p.e., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse);
(d) falta de reciprocidade social ou emocional.
- 2) Prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por, pelo menos, um dos seguintes aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica);
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação;
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática;
(d) falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível de desenvolvimento.
- 3) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por, pelo menos, um dos seguintes aspectos: 4
 
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco;
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais;
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (p.e., agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo);
(d) preocupação persistente com partes de objetos.
C. A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo da Infância.
Associadas aos critérios acima, outras características podem ser identificadas, tais como: dificuldade em sentir empatia em relação aos demais e apresentar crises de agitação, podendo haver auto ou heteroagressividade, quando contrariados ou decepcionados.
Pode ocorrer, ainda, hipersensibilidade sensorial, chegando à irritação extrema, ou obtenção de prazer com estímulos ou sensações tidas como desagradáveis ou indiferentes para a maioria das pessoas. Isso pode levar a comportamentos, tais como: visão lateral (olhar com o canto dos olhos), no intuito de diminuir excesso de estímulo; ficar passando a mão em objetos, repetitivamente; ter fixação por água, seja na estimulação tátil, ao se banhar, seja na visual, na apreciação do movimento dela; ter crises de agitação em transporte público ou ambientes barulhentos; ter restrição alimentar baseado em texturas, sabores ou cores.
São características da linguagem: o uso de palavras de forma peculiar, de pronome reverso (falar de si na terceira pessoa); apresentar ecolalia, isto é, repetição de palavras ou frases que escuta (fato comumente associado à capacidade de imitação, mas que não tem a mesma função no desenvolvimento social). A fala costuma ser monótona e, por vezes, com tom pedante e rebuscado, como visto nos pacientes com Síndrome de Asperger.
A restrição de interesse e a repetição aparecem: na forma de brincar, seja com objetos ou brinquedos, sendo usados com propósitos diferentes ou restritos em relação às possibilidades, e no interesse por poucos tipos de brinquedos, programas de televisão ou temas de conhecimento. Tende a ser difícil redirecionar o interesse das pessoas com TEA para outras atividades e elas não costumam ser usadas como meio facilitador do contato social. No caso em que este interesse propicie o contato, a atividade é mantida apenas de acordo com o interesse do indivíduo, que não consegue modular e adequar-se ao interesse do outro.
 
 
Se tiver duvidas quanto ao diagnóstico, se seu filho(a) apresenta algumas destas características, ligue e marque uma consulta para uma investigação com maior profundidade....Realizamos avaliação neuropsicológica (explicada abaixo):
 
 
 
A avaliação neuropsicológica auxilia nos processos diagnósticos e no planejamento de intervenções com base no perfil intelectual e cognitivo de cada indivíduo. A avaliação pode mensurar os déficits e habilidades do paciente, comparada com seus pares e com seu próprio desempenho em outras áreas e, dessa forma, direcionar a intervenção para os pontos específicos que devem ser trabalhados para o indivíduo se desenvolver. Outro ponto importante é no acompanhamento evolutivo das funções cognitivas pré e pós-intervenções farmacológicas e não farmacológicas e na identificação dos sinais mais específicos para o diagnóstico e intervenções precoces.
 
 
 
 
 
 
 
 

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